Só mais um bocadinho
2023
Umas tatuagens
2024
Impressão em película de SCOBY
Série de 10 impressões de dimensões variadas
Série de 10 impressões de dimensões variadas
A pele é o primeiro elemento a absorver o mundo à nossa volta. É nela que sentimos o calor, o frio, o conforto e o arrepio. Sentimos o abraço, e a agressão.
Documentação da Exposição ‘‘Conexão’’, na Casa da Imagem, em Abril de 2024.
Dois a dois
2024
Terracotta e ferro
140 x 25 x 50 aprox. (cada)
No espaço da festa, explora-se o íntimo do ‘’quase toque’’ entre vários corpos dançantes, compostos por formas orgânicas e linhas sensuais. Nestes encontros, procura-se o sentido da proximidade entre corpos que parecem focar-se uns nos outros. Uma conexão criada pela aparente liberdade de julgamentos que a cultura da ‘’festa’’ fomenta. Este trabalho explora diferentes formas de alargar a noção de corpo. Através da reutilização de tubos de metal, posso criar pares de corpos que dançam uns com os outros, criando uma sensação de movimento com materiais estáticos. Estes corpos bastante agressivos relacionam-se com a experiência caótica das festas underground, onde a energia sexual é libertada e as pessoas podem sentir-se à vontade para experimentar coisas diferentes consideradas tabu. A utilização da combinação de uma matéria orgânica e uma inorgânica leva a diferentes leituras de corporeidade, assim como de pontos extremos - doce/agressivo, curvo/ reto, etc.
Documentação da Exposição ‘‘Chão que pega’’, na Junta de Freguseia do Bonfim (Porto), janeiro de 2024
Desabafos, delírios ou aberturas
2024
Projeção em vídeo 4’27’’
O desejo por comunidade parece ser uma miragem. Onde podemos encontrar - comunidade? - Quando no corpo se vê o seu microcosmos, o sentido dessa conexão parece ampliar-se. Nunca andamos sozinhos no mundo. O texto parte de uma conversa unilateral entre mim e a minha cabeça, no percurso que faço até ao local de trabalho. Existe algo de particular na voz que temos dentro de nós, na forma como pode ser intrusiva e reflexiva em simultâneo. Os organismos que vemos são o que compõe a celulose da SCOBY - matéria milenar utilizada para fazer chá fermentado (kombucha). A celulose que sobra da fermentação tem uma série de bactérias específicas que necessitam de um determinado cuidado e, quando este é prestado, podem durar centenas de anos. Através do texto e da imagem componho um paralelismo entre as necessidades das bactérias para sua sobrevivência e as nossas necessidades pelo toque, pela conexão.
Documentação da Exposição ‘‘Conexão’’, na Casa da Imagem (Gaia), abril de 2024
Uma raíz em vivo
2023
Resina poliéster 125 x 20 x 20 cm (3 elementos)
Observam-se três momentos diferentes do mesmo corpo. Este indica um movimento de expulsão de um fluído que aparenta ser sangue. Através da captação deste momento, normalmente escondido por trás da carne, propõe-se um novo olhar para o mesmo, como a fluidez de algo que está escondido a ‘’olhos vivos’’. Na reprodução do espaço negativo do canal vaginal, traz-se o dentro para fora, de baixo para cima. Este fluído traz a vida, a força de viver, e deve ser partilhado e celebrado nas suas diferentes fases, sem violência, sem vergonha, embora muitas vezes isto não aconteça. Estas peças nascem de uma investigação começada em 2021, que recorreu à recolha e cristalização de sangue menstrual, a moldagem direta do canal vaginal e a sua posterior reprodução em diversos materiais, como o vidro, cera e resina, resultando, por fim neste tríptico em resina de poliéster, por aparentar uma fluidez e transparência maior. Curiosidade: a moldagem e reprodução destas peças foi feita utilizando silicone reutilizável, sendo que a própria produção do molde foi feita através da técnica inversa de moldagem, começando primeiro pelo contramolde e só depois pelo molde. Esta técnica é usada comumente como forma de limitar a utilização da matéria moldadora, quando o seu recurso é escasso.
Documentação da Exposição ‘‘Entre a XIV e a XV: Até ao corpo’’, no Convento Corpus Christi (Gaia), junho de 2023.
Sangue e Sal
2021-2023
170x30x25 cm
Vidro soprado e slumping, alumínio e sangue menstrual cristalizado em sal.
170x30x25 cm
Vidro soprado e slumping, alumínio e sangue menstrual cristalizado em sal.
24 x 0,5 x 34 cm
Elementos de vidro que se assemelham a cartazes, servem o mesmo propósito - uma comunicação com quem o lê. Neles apresenta-se um texto que remete o sangue ao sal. Há sal no sangue, e há sal no vidro. Utilizando o sal para cristalizar e ‘’conservar’’ o sangue, estabelece-se uma relação paradoxal entre as duas matérias: o sangue, constituído por ferro, irá eventualmente ser corroído pelo sal. Na transparência da forma, pequenos cristais de sangue encontram-se à vista, sem que possam ser tocados. Um momento preso pela agressividade do sal, que a qualquer momento se poderá desintegrar. Por agora, dar-se-á a partilha da visão, mais tarde, partilhar-se-á um momento.
Documentação da Exposição ‘‘Entre a XIV e a XV: Até ao corpo’’, no Convento Corpus Christi (Gaia), junho de 2023.
Só mais um bocadinho
2023
Série de esculturas em látex, napa e madeiras variadas.
I- 67x74x50 cm II-330x23x18 cm III-330x32x22 c
Uma série de corpos em diferentes estados de repouso, de recuperação. Aparentam ter alguém que os cuide, de forma bastante precária. Ao mesmo tempo, parece que alguns já terão iniciado o processo de saída deste momento de cuidado. Que tempos precisamos para recuperarmos? Quem nos tira de lá? Com este trabalho procuro criar uma noção familiaridade através de três materiais representativos de três gerações diferentes: a madeira torneada, típica dos nossos avós/ bisavós, as napas dos sofás dos nossos pais e, por fim, o latéx, material industrial e bastante atual, que convive com as gerações mais novas. Somos resultado das interações das gerações anteriores, e somos tudo aquilo que elas nos deram e não deram. As dores que carregamos, apesar de diferentes das delas, nascem nelas, e só as tratamos (às dores) com a ternura e atenção ao corpo social, complexo e diverso.
Documentação da exposição ‘‘UmPontodeSituação’’, na FBAUP, no Porto, 2023
To find one self // don’t look at me
2022
3 câmaras de vídeo, 3 projetores e três lençóis brancos
“To find oneself // Don’t look at me” é uma performance que relaciona o corpo que olha com o corpo que é olhado. Através de três projeções de pontos de vista diferentes, olha-se um corpo à procura dos que o estão a observar. Este corpo está distanciado dos espectadores, escondido ao olho menos atento - a única forma de o ver é através das projeções.
Após descobrir uma saída, o corpo confronta os espectadores que o observam, pensado inevitávelmente que estão protegidos de qualquer tipo de julgamento.
Esta performance cria uma abordagem ao voyeurismo do corpo feminino quando a sua presença física se encontra ausente, e como este olhar objectificante muda quando os que olham o corpo objetificado estão também a ser observados pelo mesmo.
Documentação da performance no contexto do festival ‘’ARENA - Abril de Porta Aberta’’, em 2022.
Os cheiros dos outros
2022
Grés escuro chamotado, porcelana, óleos essenciais e perfumes.
53x63x58 cm (aprox.
O cheiro tem uma linguagem por si só, pela forma como nos toca, pois de todos os sentidos nada é mais fortemente invisível do que o olfato, mantendo mesmo assim uma fortíssima capacidade de despertar a memória e as sensações. E embora os cheiros possam despertar as mais diversas sensações em cada um de nós, existem sempre associações comuns com o outro, pois ao partilhar do mesmo sentido, partilhamos a mesma experiência do ‘’cheirar’’. Simultaneamente, o próprio ato de cheirar pode ser compreendido como um ato de extrema intimidade, uma partilha entre o exterior e o interior, ou ainda, entre dois interiores – dois corpos. Através do uso de diversos cheiros, como da água de colónia, da baunilha ou da cinza, convida-se o espectador a experienciar uma memória coletiva de infância e da relação pessoal com familiares, partilhando uma relação de proximidade com o objeto, num confronto de narizes. Cheirar, mas ser cheirado – partilhar uma memória com o objeto,mas permitindo que este capte por si, idealmente, uma memória olfativa daquele que se aproximou dele
Documentação da exposição ‘‘Prèmiere’’, no CAC Meymac, França, 2022
OPSIS TE IPSUM
2022
Projeção em vídeo, sonoplastia e feltragem em lã tingida. 11’’
A expressão “Opsis te ipsum” significa ver dentro de si mesmo. Esse conjunto de palavras alude à ação exteriorizar o interior e trazer à vontade uma compreensão mais profunda do emocional como corpo, assim como do metafísico e também do corpo em si. Esta performance busca ser um aforismo plástico na busca de dissecar corpos físicos, metafísicos e emocionais, explorando os seus limites numa dança de realidades materiais e intocáveis. Uma tentativa de conexão que simultaneamente repele, destrói, mas também liberta o corpo preso dentro de um limbo constante e infinito. Através de uma simbiose entre som, imagem e ação, joga-se a dessincronização entre os dois corpos, encontrando-se em diferentes planos de compreensão. No entanto, há um momento de sincronização em que o corpo fica refém de sua própria projeção. Este imita todos os seus movimentos e posições, na tentativa de ascender a outro plano, falhando e, eventualmente, saindo de sincronia novamente. Esta performance foi feita em pareceria com Cristiana Alves
Documentação da performance no evento ‘‘Widok z OKNa (View From the Window)’’, na OKNa Gallery (Porto) 2022.
Encontro a meio caminho
2022
Gesso, látex, tecidos de nylon, alcatifa.
Aprox. 70 x 457 x 207 cm
Posso encontrar-me com aquele que se perdeu? Talvez sim, através da memória corporal do outro, através da forma como estes se relacionam/relacionavam. Se me passa pela memória o corpo de alguém que foi embora, também me passa a sua falta, mas a coreografia corporal mantém-se. A sua ausência mantém-se através da perceção de que estes movimentos são feitos sem que haja um recetor para eles.
Observa-se um estado petrificado de um corpo sem calor, sem pele. Sobre ele, um casulo têxtil, que esconde, protege e tenta aquecer. Neste, estão marcas de um segundo (não) corpo que o acaricia.
Documentação da exposição ‘‘Prèmiere’’, no CAC Meymac, França, 2022.
As minhas dores e os meus amores
2022
Látex bordado com fio de algodão e cabo de aço 65x40x45 cm
Trata-se de um corpo suspenso de um modo bruto, pendurado por fios de aço, que permite uma leitura de pequenos afetos que ajudam à cura de grandes feridas. Neste, notam-se a presença de cicatrizes costuradas e de cores leves que nos remetem para um mundo infantil – cores estas que tentam mascarar a brutalidade dos seus cortes. Entre as costuras, encontram-se traços que aparentam ser palavras codificadas que ferem e também acariciam. A sua textura de camurça, dá-lhe um aspeto de pele curtida - por sarar - por tocar. Este corpo trata assim do aspecto dos carinhos e afetos que o regeneram, ao longo do seu percurso moroso. Curiosidade: A costura dos diferentes retalhos foi feita manualmente, ponto a ponto, utilizando a técnica de costura do couro, de perfuração e posterior cosedura.
Documentação da exposição ‘‘Desatar nós para nós-atar’’, no FACE, em Espinho, 2022.
Na tua mão
2021-2023
Fio de algodão, chiffon e açucareiro de cristal e prata contendo cristais de sangue menstrual.
Performance de duração aproximada de 1h
100 x 28 x 25 cm
Fio de algodão, chiffon e açucareiro de cristal e prata contendo cristais de sangue menstrual.
Performance de duração aproximada de 1h
100 x 28 x 25 cm
Um momento de partilha da não violência. Do ser sangue, da unidade do sal. Através da partilha de sangue menstrual cristalizado, pretende-se partir de um pensamento sobre a utilidade do sal, aliada ao sangue, na forma como o sal conserva mas também corrói. Uma entidade senta-se do outro lado do parlatório, permitindo que o espectador se sente à sua frente, sem que a veja na sua totalidade. Neste espaço, repete-se o que se fazia no passado - uma comunicação com o mundo exterior através da partilha de objetos, toques e palavras.
Documentação da Exposição ‘‘Entre a XIV e a XV: Até ao corpo’’, no Convento Corpus Christi (Gaia), junho de 2023.
Reco-reco // Dikanza // Caracaxá
2018
Mármore roseado, mármore verde e bambu.
Elemento principal - 25,5x19,2x17-6cm
Pilão de mármore roseado - 17,3x3,2x3,2 cm
Pilão de mármore verde - 13,5x3x3cm
Pilão de bambu - 21,5x1,9x1,9cm
A minha pele não me pertence
2021
Aglomerado OSB, três webcams, látex e sons do corpo distorcidos
9’49’’
O estudo do distanciamento da própria pele, de um estado interior restringido sobre um órgão externo que por vezes não é sentido como nosso. Esta dissociação é sentida por muitos de nós, mas por vezes é difícil exteriorizá-la.
Este projeto aborda uma segunda pele que serve de extensão àquela que ‘’segura’’ todos os conteúdos do nosso corpo – um extra-corpo que enclausura e não deixa que as ações se cumpram na sua totalidade. Os movimentos e o som são igualmente importantes, sendo estes formas de expressão do aglomerado - corpo – que permitem a exteriorização de sensações e emoções, assim como a sua própria desfiguração.
Ainda não acabei
2021Instalação audiovisual.
Duração: 9’03’’
Duração: 9’03’’
Figuração sobre o estado dissociativo.
Há uma escamagem de antigos erros, de emoções, de estados de espírito.O coçar, é um tique nervoso, possivelmente originado por uma ânsia do corpo dissociado que quer regressar ao mundo real/físico. Também é uma ação destrutiva, que permite assim que um novo corpo saia de si mesmo e se deixe sangrar. O corte da cabeça do plano permite que este corpo não seja identificado, dando uma universalidade ao mesmo.
As legendas são escritos autorais feitos durante este mesmo estado dissociativo.
Instalado de forma a que ocupe uma parede total, com colunas de surround system.No caso de assistir o vídeo em plataforma online, é aconselhável o uso de auscultadores durante o visionamento do vídeo.
Quanto cabe em mim